Não precisa demolir, basta respeitar

Há alguns dias, o caso da Paróquia Nossa Senhora da Assunção tem sido mostrado nos meios de comunicação. Mas para os moradores da Vila Itatiaia, que habitam nas proximidades da paróquia, a questão já dura alguns anos.

Transporte deficiente na região

Pela escala de férias, todas as linhas que terminam no PC Campus ficam ainda mais insuportáveis.

Reitoria da UFG brincando de o mestre mandou

Só uma criança a quem a ideia de coelhos da pascoa ainda pareça aceitável acredita no conto de que a polícia já não está dentro do campus. Por Ian, o Ortodoxo

A luta por moradia em Aparecida de Goiânia

Nos anos 80 e 90 muitos bairros surgiram de invasões: bairros como o setor Cidade Livre, Colina Azul e outros foram realocações de ocupações. Por José Oiticica (FOTO:MTST GO)

Manifesto d'O Prego

O Prego surge para ser mais um incômodo para os governantes e conformados. Serve pra denunciar os problemas da região: os transtornos causados para os moradores, a deficiência dos ônibus, a falta de luz e de calçada de alguns trechos...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A luta por moradia em Aparecida de Goiânia


Nos anos 80 e 90 muitos bairros surgiram de invasões: bairros como o setor Cidade Livre, Colina Azul e outros foram realocações de ocupações. Por José Oiticica

Na madruga do dia 17 de Janeiro de Janeiro foi ocupada uma obra de uma maternidade abandonada por trabalhadores sem-teto do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Tetos). A ocupação é um reflexo do grande déficit habitacional que existe em Aparecida de Goiânia e em todo estado de Goiás: cerca de 160 mil pessoas sem moradia própria. A ocupação durou cerca de uma semana e acabou após um acordo entre a direção do MTST e a prefeitura da cidade de Aparecida. Pelo acordo, os sem-teto serão cadastrados nos programas habitacionais da cidade.

Essa ocupação foi a primeira organizada pelo movimento MTST no estado de Goiás, mas não é começo da luta por moradia em Aparecida. Nos anos 80 e 90 muitos bairros surgiram de invasões: bairros como o setor Cidade Livre, Colina Azul e outros foram realocações de ocupações. Outros bairros como o setor Tiradentes e Independências Mansões também surgiram de movimentos. Todos esses bairros que surgiram de luta mostram que, muito antes da existência do Minha Casa Minha Vida, o povo já lutava e conseguia vitórias contra a falta de moradia.

Mas lutar só por moradia não basta. As invasões e os novos bairros muitas vezes tem ausência de infraestrutura básica, transporte precário, falta de escolas. Isso mostra que não só é necessário lutar pela moradia, mas manter a luta pra conseguir melhorias de fato.


José Oiticica – Lutador de Aparecida

Não precisa demolir, basta respeitar

Há alguns dias, o caso da Paróquia Nossa Senhora da Assunção tem sido mostrado nos meios de comunicação. Mas para os moradores da Vila Itatiaia, que habitam nas proximidades da paróquia, a questão já dura alguns anos.
O foco das reportagens se deve ao local da construção da igreja, que se encontra a uma distância de pouco mais de meio metro de um afluente do ribeirão João Leite. O Ministério Público de Goiás entrou com uma ação pedindo a demolição de parte da construção e as atenções se voltaram para a paróquia.
A referida igreja já está instalada no bairro desde a década de 80. Tanto a constituição quanto os próprios moradores defendem o direito dos fiéis de se reunir e celebrar suas crenças, mas em contrapartida os fiéis se esqueceram de respeitar os direitos dos moradores.
As desavenças começaram quando o padre Marcos Rogério, no ano de 2008, tomou a frente das celebrações na Nossa Senhora da Assunção. Não que ele quisesse contrariar a comunidade, o caso é que a sua presença atraiu milhares de seguidores até o local.
Infelizmente, as ruas e pessoas do Itatiaia não estavam preparadas pra receber milhares de pessoas de duas a três vezes por semana. E de repente uma parcela considerável da população católica goiana estava estacionada na frente das casas e no meio da praça do bairro.
Uma das primeiras ações pra tentar abrigar os novos frequentadores do templo foi destruir um trecho da praça que corta o bairro, pra construir um estacionamento. Uma benevolência da prefeitura de Goiânia.
Mas mesmo que um espaço público tenha sido remodelado para atender interesses privados da comunidade católica, a obra não foi suficiente. Nas ruas em volta do templo, os milhares de carros passaram a impedir o trânsito dos moradores nos dias de celebração e a praça passou a ser gradualmente destruída pelo frequente uso como estacionamento.
Sob a direção do padre Marcos Rogério, a Vila Itatiaia passou também a ser palco de grandes eventos. Foram algumas madrugadas turbulentas de construção de enormes estruturas para abrigar as festividades. E sistemas de som muito potentes impuseram para muitos moradores a voz da renovação carismática.
Uma parcela da comunidade local usou a seu favor a grande concentração de pessoas em suas ruas e, no entorno da igreja, formou-se um pequeno comércio. A venda de comida e bebida para os fiéis tem dado lucro a alguns moradores, pra não dizer que a paróquia não dá nenhum retorno à comunidade que habita, já que nem o enorme salão paroquial ela disponibiliza para eventos da comunidade.
Cansado da falta de consideração por parte da igreja, alguns moradores redigiram um documento apresentando a promotoria pública à situação de perturbação a que foram expostos. Aqui segue um trecho do documento, as identidades do autor e dos moradores que o assinaram serão preservadas.

O interesse na veiculação desse relato não é travar uma guerra entre igreja e moradores. É um informativo do ponto de vista de alguns moradores, com a intenção de cobrar da paróquia e fiéis uma relação mais respeitosa com a comunidade da Vila Itatiaia.

Moradora da Vila Itatiaia.
A primeira foto é do Jornal O Prego, a segunda foto é de Luiz da Luz

Transporte deficiente na região

Pela escala de férias, todas as linhas que terminam no PC Campus ficam ainda mais insuportáveis. Por O Prego

Exclusão pelo transporte na região
Transporte significa, antes de tudo, acesso. Acesso ao trabalho, ao estudo, ao posto de saúde, ao supermercado, ao convívio com as outras pessoas. Acesso à cidade. Esse acesso, porém, não é igual pra todos. A segregação já começa entre o transporte coletivo e o individual. Quem não tem dinheiro pra carro ou moto, já tem suas opções limitadas. Mas na nossa região vemos outras diferenças.
Escala de férias pra quem?
Nessa época é sempre a mesma história. A UFG entra de férias e começa a ser aplicada a escala de férias. Na verdade, até antes. Vanda, moradora do Nossa Morada e trabalhadora da UFG, denunciou que já em novembro, antes do fim de qualquer aula, já havia escala de férias no transporte coletivo da região.
Pela escala de férias, todas as linhas que terminam no PC Campus ficam ainda mais insuportáveis. A população que continua morando e trabalhando na região fica ainda mais prejudicada. Afinal de contas, não é justificativa pro patrão a escala de férias dos estudantes. O rolê pro cinema, pro comércio, pro teatro, tudo isso também também é impedido pela escala.
Uma das reclamações mais graves é dos ônibus que vão para Campinas (174 e 105). Demoram muito mais pra passar e nos fins de semana, o 105 simplesmente para de passar às cinco horas da tarde. Essa mudança força as pessoas a pegarem um trajeto muito mais longo. Elas têm que ir pro Terminal da Bíblia e de lá pegar outro ônibus pra Campinas.
Outra questão importante: por que várias linhas só passam pelo Campus, deixando de lado uma parte tão grande do Itatiaia? Nenhum ônibus que vai para o centro é acessível para a maior parte da comunidade. Por acaso só o pessoal da universidade precisa ir pro centro?
Regiões excluídas
Os bairros que fazem conexão com o Itatiaia sofrem ainda mais com o transporte coletivo. Os ônibus no transporte coletivo de Goiânia não podem ter mais de cinco anos de uso. Quantos anos o leitor acha que os ônibus que vão pro Orlando de Morais, Nossa Morada ou Shangri-lá tem de uso? Esse limite não é frescura. É questão de conforto, de segurança para o usuário e para o motorista. As empresas colocam em risco todo mundo ao usar esses ônibus para a região.
O ônibus sucateado até dá pra aguentar. O sofrimento vem mesmo é com os horários. O Nossa Morada, por exemplo, ninguém sabe quando vem. Não tem horário fixo. Quem se preocupa com chegar atrasado ou ficar no escuro tem que ir a pé pro serviço.  Já o Orlando de Morais tem uns horários mais certos. Poucos, porém. No sábado o ônibus passa seis vezes no dia. No domingo, quatro. Perdeu, já era. Ter horário mais certo também não impede a lotação. Nos horários de pico, são poucos ônibus. Os ônibus velhos lotados são mais sofrimento e insegurança.

Transporte pra quem?
Para as empresas, a RMTC, transporte é lucro. Quanto mais passagens para menos ônibus, melhor. Para os governos, é fonte de poder. Controle de quem vai pra onde, barganha de votos. Para nós, deveria ser acesso, mas é exclusão. Ninguém melhor do que nós, moradores e trabalhadores da região, pra saber por que é assim. Quais linhas dão problema. E como poderia melhorar. Não são só os estudantes que se mobilizam. Não são só eles que são afetados pela violência do transporte, afinal.
O exemplo foi dado no ano passado: um pequeno protesto de moradores do Orlando de Morais forçou um representante das empresas, da COOTEGO e da CMTC virem ouvir os moradores. Eles só vão ouvir na base da pressão. Precisamos nos organizar entre nós pra que essa pressão aconteça. Ou querem passar mais umas férias no aperto e na humilhação?

Achamos que só por meio da organização coletiva dos moradores e trabalhadores podemos mudar essa situação. Propomos, portanto, que se organizem reuniões em cada bairro para mudar essa situação a partir das demandas locais. O Prego se dispõe a apoiar a organização e a divulgação de qualquer iniciativa desse tipo!
Com Fotos do Jornal O Prego

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Reitoria da UFG brincando de o mestre mandou

Só uma criança a quem a ideia de coelhos da pascoa ainda pareça aceitável acredita no conto de que a polícia já não está dentro do campus. Por Ian, o Ortodoxo
            
No dia 27 de Janeiro deste ano saiu, em um importante veículo da mídia impressa local, O Popular, uma matéria sobre consumo e venda de drogas dentro das dependências da Universidade Federal de Goiás (UFG), dentre outros delitos. A nobre intenção cívica, leitmotiv da matéria, parecia ser alertar a população e o desavisado corpo administrativo da universidade sobre os calamitosos problemas que têm ocorrido na universidade e o inadmissível risco ao qual estudantes e professores estão expostos, sendo permitida a entrada e atuação deste tipo de “mau elemento” em tão nobre e civilizado recanto. Vale lembrar que O Popular parece realmente estar preocupado com a segurança e o bem estar dos alunos da UFG, pois não é a primeira vez (e parece ser cada vez mais recorrente) que este tipo de matéria é publicada pelo jornal.
           
As matérias têm demonstrado reiterado interesse em expor o estado de desproteção e preocupante insegurança ao qual estão submetidos professores e alunos dentro da UFG; e, seguindo o exemplo dos memoráveis alquimistas, implicitamente sugerem uma solução mágica – que, aliás, tem sido a tônica do governo em Goiás – a polícia, esta panaceia cada vez mais ofertada para todos os males do mundo.
            Há muito tempo este tem sido um pé de guerra em diversas universidades públicas pelo país: a entrada de policiais dentro dos campi universitários. Só uma criança a quem a ideia de coelhos da pascoa ainda pareça aceitável acredita no conto de que a polícia já não está dentro do campus. Não estar de farda não significa não estar em serviço. Sabemos também que a polícia tem outras preocupações, além de “combater” furtos e tráfico de substâncias ilícitas. A polícia também tem o nobre dever, e este é notadamente prioritário em relação ao primeiro, de proteger a sociedade contra a “subversão da ordem”. Portanto é evidente o interesse da ampliação do acesso da polícia aos pátios e prédios da UFG.
            O que não faltam são estudos comprovando que esta solução mágica é tal qual a ideia dos antigos alquimistas no desejo de criar quimeras, nada senão ignorância patética. Claro que não estou aqui a dizer que estes veículos de mídia e os interessados por trás destes sejam ingênuos, somos adultos o bastante para entender que as intenções explicitadas não são necessariamente as verdadeiras e que o interesse pelo resultado não precisa estar explícito naquilo que o gera.
            O problema todo é quando o corpo administrativo da universidade, representado na figura do magnífico reitor, resolve, como bom jogador de “o mestre mandou”, abaixar a cabeça acatando certos clamores disparatados.
            Basta dizer que após a matéria publicada no dia 27, foi dada a ordem, do prédio da reitoria, para que se destruíssem as mesas do bosque. Para quem não conhece, o pátio citado na matéria (pátio da faculdade de comunicação) é povoado por mesas de convívio; e o bosque – ao qual têm-se acesso a partir do pátio mencionado – também tinha mesas de convívio.
            No terreno onde deveria imperar a “decisão técnica”, ou seja, a análise do problema com base em fatos e avaliações técnico-científicas, mandou foi a capa do jornal e os espíritos alvoroçados do prédio da reitoria.

            Talvez devêssemos ter pena do reitor e do corpo administrativo, pois parece mesmo simples ignorância desconhecer diversos estudos, alguns mesmo realizados ali no seio daquela instituição, que provam que a melhor maneira de trazer segurança a um lugar e minar as “atividades criminosas” que ali ocorrem é promover a ocupação daquele espaço, tornando-o povoado, utilizado, frequentado, não isolado. Claro, poder-se-ia dizer que houvesse ai simples ignorância, mas eu – particularmente – não sou tão dado à piedade. Existem casos de ignorância, este me parece um caso de interesse.
            Por exemplo, queixam-se que o bosque é um local de destacada criminalidade dentro da universidade e acentua-se a gravidade desta durante o período da noite, mas não me lembro do honrado jornal mencionar que há sistema de iluminação no bosque e que este, curiosamente, não é ligado durante o período noturno.
            Além da contraproducente atitude tomada frente ao problema – o extermínio de um espaço de convívio – a reitoria parece cada vez menos disposta a dar ouvidos aos interesses da comunidade acadêmica em geral, basta ver que algumas decisões de impacto expressivo na vida universitária simplesmente são tomadas sem debates ampliados, acerca de um espaço que pertence a todo o corpo universitário e onde mudanças produzidas impactam a comunidade diretamente; outro exemplo foi a privatização do hospital das clínicas – a reitoria insiste em dizer que “não há privatização”, se alguém gosta de acreditar em ilusões, esta é uma boa de se fiar – que, depois de duas reuniões absolutamente conturbadas e passíveis de questionamento, foi aprovada e noticiada no site da instituição com a foto do contrato sendo assinado por pessoas sorridentes. Se consultarmos, ver-se-á que os que trabalham no hospital das clínicas certamente não estão com sorrisos tão abertos. E a execução destas medidas impopulares, como temos visto, tem sido feita nos períodos de recesso, o que diminui a possibilidade de contestação.
            Minar os espaços de convívio da universidade associando isso à maior aceitação da atuação da polícia dentro dela é uma atitude sábia. O convívio dentro da universidade favorece os laços entre estudantes e também entre estes e os outros membros da comunidade acadêmica. Criar e ampliar laços não é algo bem quisto, pois vínculos entre as pessoas facilitam a queda de certas máscaras e favorecem a articulação para luta por mudanças. Diminuir isso significa otimizar o controle sobre a comunidade universitária, o que torna tudo muito mais fácil. E mais ainda quando a polícia pode folgadamente perambular tomando nota de tudo que vê e ouve. O bosque era um espaço onde os ditames burocráticos com dificuldade penetravam, onde, portanto, o controle da reitoria era limitado. Como uma criança contrariada e geniosa, a reitoria preferiu a tática do governe ou destrua.
            Basta darmos uma olhada nos locais de trabalho, principalmente nas grandes empresas (peguemos call-centers onde o tempo de intervalo é escalonado e regradíssimo; ou a nova modalidade de “intervalo flexível” onde o trabalhador escolhe seu horário de pausa, mas curiosamente só podem sair um por vez; os exemplos são infinitos e não quero entediá-los à morte) e nos grandes centros de comércio, as estruturas para convívio entre os trabalhadores inexiste, e estudos mostram que grandes empresas inclusive preferem trabalhadores que residam mais distantes uns dos outros. Isso dificulta articulações, por exemplo, para greves. Como a universidade não é uma bolha e tem de cumprir sua função social, nada menos inesperado do que seguir os bons exemplos.
            Aliás, este é o último ponto. Parece-me incompreensível este espanto, esta constatação do inaceitável, do “crime” dentro da universidade, como se este lugar fosse uma santa imaculada que não suportasse ter em si as contradições do mundo no qual é inserida. Se queremos pensar em redução da criminalidade, é pensar isso primeiramente sem panaceias, mas principalmente como um problema geral. E não como o “triste caso” dos jovens da terra do nunca que estão tendo à porta do seu santuário os problemas do mundo. 



Sob outro ponto de vista: 
            Claro que as pessoas contrariadas tendem a chiar, e quem ouve a insatisfação deve a mínima cortesia de uma resposta, então vamos tentar avaliar algumas das justificativas da reitoria:
            A reitoria alega que a demolição das mesinhas faz parte de um projeto de revitalização do bosque, esta revitalização inclui, segundo eles, novas mesas e também um sistema novo de iluminação. O que vale perguntar é, por que então começar o trabalho logo depois das “sugestões” da imprensa? Qualquer um minimamente familiarizado com trâmites burocráticos deste porte sabe que para estas coisas, em tese, há de se estipular prazos. Seria de uma coincidência metafisicamente improvável que este prazo tenha sido fixado precisamente após a “bem intencionada” matéria d’O Popular. Um dos argumentos da reitoria é incentivar o uso do espaço mais aberto da mata, pois, segundo eles, a utilização da área fechada favorecia a criminalidade. Parece-me curioso, precisamente porque as mesinhas eram situadas no espaço mais aberto do bosque. Quanto ao sistema de iluminação, se melhorado, melhor, mas é como eu disse anteriormente, já existe um e ele não é ligado no período noturno.
            A reitoria, se cumprir o que está prometendo, há de perdoar meu ceticismo, e há de fazê-lo uma vez que já foram ouvidas conversas semelhantes. Como por exemplo, na questão do brioche. No mesmo famigerado pátio em questão, há um espaço subterrâneo que outrora era uma lanchonete, hoje é um galpão abandonado que serve de depósito improvisado; há tempos há a promessa de que este espaço seja entregue aos estudantes, como uma estrutura para realização de pequenos eventos culturais (sarais, cineclube...), bem como com mesas e outros aparelhos para estudo coletivo e convívio.
            A proposta é avançada e linda, assim como parece ser a do bosque, mas o brioche ainda é um galpão e só existe, tal qual no projeto, no projeto. E o bosque?

Manifesto d'O Prego


O Prego surge para ser mais um incômodo para os governantes e conformados. Serve pra denunciar os problemas da região: os transtornos causados para os moradores, a deficiência dos ônibus, a falta de luz e de calçada de alguns trechos. Em todos os casos, problemas sentidos de maneira diferente pelas pessoas que moram, trabalham e estudam na Zona Norte.

Uma perspectiva que não é comunicada pelos grandes meios de comunicação. O primeiro papel do jornal é, então, comunicar. Esse jornal é construído por pessoas que moram, estudam, trabalham na região. Seu objetivo é contribuir para que o ponto de vista dos trabalhadores da região seja conhecido; contribuir para que a partir dessa comunicação as pessoas se organizem e lutem pelos seus direitos.

Esse jornal é construído de maneira coletiva e autônoma: não serve à promoção pessoal de ninguém, nem a nenhum partido. Nos financiamos de maneira independente, a partir de doações de pessoas que concordam com a nossa perspectiva. Estamos abertos e fundamentamos nossa publicação na participação ativa dos nossos leitores: queremos que também escrevam, que discutam, que participem das reuniões.

Queremos que o nosso incômodo não apenas incomode: queremos que seja uma pequena parte da construção de uma nova sociedade, de uma nova cidade. Uma cidade que também está sendo construída pelas lutas dessa quebrada e de outras, mas principalmente pela ação de todos nós que trabalhamos, vivemos, sofremos e agora também podemos começar a decidir.