quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Não precisa demolir, basta respeitar

Há alguns dias, o caso da Paróquia Nossa Senhora da Assunção tem sido mostrado nos meios de comunicação. Mas para os moradores da Vila Itatiaia, que habitam nas proximidades da paróquia, a questão já dura alguns anos.
O foco das reportagens se deve ao local da construção da igreja, que se encontra a uma distância de pouco mais de meio metro de um afluente do ribeirão João Leite. O Ministério Público de Goiás entrou com uma ação pedindo a demolição de parte da construção e as atenções se voltaram para a paróquia.
A referida igreja já está instalada no bairro desde a década de 80. Tanto a constituição quanto os próprios moradores defendem o direito dos fiéis de se reunir e celebrar suas crenças, mas em contrapartida os fiéis se esqueceram de respeitar os direitos dos moradores.
As desavenças começaram quando o padre Marcos Rogério, no ano de 2008, tomou a frente das celebrações na Nossa Senhora da Assunção. Não que ele quisesse contrariar a comunidade, o caso é que a sua presença atraiu milhares de seguidores até o local.
Infelizmente, as ruas e pessoas do Itatiaia não estavam preparadas pra receber milhares de pessoas de duas a três vezes por semana. E de repente uma parcela considerável da população católica goiana estava estacionada na frente das casas e no meio da praça do bairro.
Uma das primeiras ações pra tentar abrigar os novos frequentadores do templo foi destruir um trecho da praça que corta o bairro, pra construir um estacionamento. Uma benevolência da prefeitura de Goiânia.
Mas mesmo que um espaço público tenha sido remodelado para atender interesses privados da comunidade católica, a obra não foi suficiente. Nas ruas em volta do templo, os milhares de carros passaram a impedir o trânsito dos moradores nos dias de celebração e a praça passou a ser gradualmente destruída pelo frequente uso como estacionamento.
Sob a direção do padre Marcos Rogério, a Vila Itatiaia passou também a ser palco de grandes eventos. Foram algumas madrugadas turbulentas de construção de enormes estruturas para abrigar as festividades. E sistemas de som muito potentes impuseram para muitos moradores a voz da renovação carismática.
Uma parcela da comunidade local usou a seu favor a grande concentração de pessoas em suas ruas e, no entorno da igreja, formou-se um pequeno comércio. A venda de comida e bebida para os fiéis tem dado lucro a alguns moradores, pra não dizer que a paróquia não dá nenhum retorno à comunidade que habita, já que nem o enorme salão paroquial ela disponibiliza para eventos da comunidade.
Cansado da falta de consideração por parte da igreja, alguns moradores redigiram um documento apresentando a promotoria pública à situação de perturbação a que foram expostos. Aqui segue um trecho do documento, as identidades do autor e dos moradores que o assinaram serão preservadas.

O interesse na veiculação desse relato não é travar uma guerra entre igreja e moradores. É um informativo do ponto de vista de alguns moradores, com a intenção de cobrar da paróquia e fiéis uma relação mais respeitosa com a comunidade da Vila Itatiaia.

Moradora da Vila Itatiaia.
A primeira foto é do Jornal O Prego, a segunda foto é de Luiz da Luz

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