quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Transporte deficiente na região

Pela escala de férias, todas as linhas que terminam no PC Campus ficam ainda mais insuportáveis. Por O Prego

Exclusão pelo transporte na região
Transporte significa, antes de tudo, acesso. Acesso ao trabalho, ao estudo, ao posto de saúde, ao supermercado, ao convívio com as outras pessoas. Acesso à cidade. Esse acesso, porém, não é igual pra todos. A segregação já começa entre o transporte coletivo e o individual. Quem não tem dinheiro pra carro ou moto, já tem suas opções limitadas. Mas na nossa região vemos outras diferenças.
Escala de férias pra quem?
Nessa época é sempre a mesma história. A UFG entra de férias e começa a ser aplicada a escala de férias. Na verdade, até antes. Vanda, moradora do Nossa Morada e trabalhadora da UFG, denunciou que já em novembro, antes do fim de qualquer aula, já havia escala de férias no transporte coletivo da região.
Pela escala de férias, todas as linhas que terminam no PC Campus ficam ainda mais insuportáveis. A população que continua morando e trabalhando na região fica ainda mais prejudicada. Afinal de contas, não é justificativa pro patrão a escala de férias dos estudantes. O rolê pro cinema, pro comércio, pro teatro, tudo isso também também é impedido pela escala.
Uma das reclamações mais graves é dos ônibus que vão para Campinas (174 e 105). Demoram muito mais pra passar e nos fins de semana, o 105 simplesmente para de passar às cinco horas da tarde. Essa mudança força as pessoas a pegarem um trajeto muito mais longo. Elas têm que ir pro Terminal da Bíblia e de lá pegar outro ônibus pra Campinas.
Outra questão importante: por que várias linhas só passam pelo Campus, deixando de lado uma parte tão grande do Itatiaia? Nenhum ônibus que vai para o centro é acessível para a maior parte da comunidade. Por acaso só o pessoal da universidade precisa ir pro centro?
Regiões excluídas
Os bairros que fazem conexão com o Itatiaia sofrem ainda mais com o transporte coletivo. Os ônibus no transporte coletivo de Goiânia não podem ter mais de cinco anos de uso. Quantos anos o leitor acha que os ônibus que vão pro Orlando de Morais, Nossa Morada ou Shangri-lá tem de uso? Esse limite não é frescura. É questão de conforto, de segurança para o usuário e para o motorista. As empresas colocam em risco todo mundo ao usar esses ônibus para a região.
O ônibus sucateado até dá pra aguentar. O sofrimento vem mesmo é com os horários. O Nossa Morada, por exemplo, ninguém sabe quando vem. Não tem horário fixo. Quem se preocupa com chegar atrasado ou ficar no escuro tem que ir a pé pro serviço.  Já o Orlando de Morais tem uns horários mais certos. Poucos, porém. No sábado o ônibus passa seis vezes no dia. No domingo, quatro. Perdeu, já era. Ter horário mais certo também não impede a lotação. Nos horários de pico, são poucos ônibus. Os ônibus velhos lotados são mais sofrimento e insegurança.

Transporte pra quem?
Para as empresas, a RMTC, transporte é lucro. Quanto mais passagens para menos ônibus, melhor. Para os governos, é fonte de poder. Controle de quem vai pra onde, barganha de votos. Para nós, deveria ser acesso, mas é exclusão. Ninguém melhor do que nós, moradores e trabalhadores da região, pra saber por que é assim. Quais linhas dão problema. E como poderia melhorar. Não são só os estudantes que se mobilizam. Não são só eles que são afetados pela violência do transporte, afinal.
O exemplo foi dado no ano passado: um pequeno protesto de moradores do Orlando de Morais forçou um representante das empresas, da COOTEGO e da CMTC virem ouvir os moradores. Eles só vão ouvir na base da pressão. Precisamos nos organizar entre nós pra que essa pressão aconteça. Ou querem passar mais umas férias no aperto e na humilhação?

Achamos que só por meio da organização coletiva dos moradores e trabalhadores podemos mudar essa situação. Propomos, portanto, que se organizem reuniões em cada bairro para mudar essa situação a partir das demandas locais. O Prego se dispõe a apoiar a organização e a divulgação de qualquer iniciativa desse tipo!
Com Fotos do Jornal O Prego

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